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Fisioterapia nos Cuidados Paliativos em Pacientes com Câncer

Atualizado: 31 de mar. de 2021


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De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o câncer é responsável por 10% de todas as mortes, e nos países ricos chega a corresponder a 18% dos óbitos. A tendência é um aumento nas taxas de incidência e mortalidade secundárias ao câncer nos países pobres. Embora os resultados estejam melhorando as chances de cura em até 50% dos casos, muitos pacientes ainda vão falecer em decorrência da sua neoplasia, e vão necessitar de Cuidados Paliativos. Os Cuidados Paliativos são direcionados para aqueles pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura, o tratamento é diretamente relacionado à promoção e manutenção da qualidade de vida, englobando assim as necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais de cada indivíduo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Cuidados Paliativos como “medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais”.

Nos Cuidados Paliativos podemos numerar cinco pontos essenciais como afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal; não apressar nem adiar a morte; promover o alívio da dor e outros sintomas; integrar os cuidados psicossociais e espirituais no cuidado ao paciente; oferecer um sistema de suporte para assistir ao paciente que morre e a sua família.

A Fisioterapia nos Cuidados Paliativos tem como objetivos principais a melhora da Qualidade de Vida, reduzindo os sintomas da doença terminal, e procurando promover ao paciente conforto e independência funcional, desta forma a Fisioterapia contribui efetivamente na retomada das atividades de vida diária destes pacientes, direcionando-os a novos objetivos. A dor oncológica é um dos principais sintomas que acometem os pacientes fora de possibilidades terapêuticas, principalmente naqueles que apresentam metástases ósseas. O controle da dor nos pacientes com câncer é um assunto que tem despertado interesse e questionamentos na comunidade técnico-científica, e também em profissionais diretamente ligados aos pacientes que sofrem com a dor oncológica.

A dor é um problema de morbidade significativa em pacientes com câncer. Estatísticas atuais indicam que a dor acomete 60% a 80% dos pacientes, sendo assim o fator mais determinante no sofrimento relacionado à doença. Desta forma a dor representa medo justificado e tem um impacto significativo sobre a qualidade de vida e as habilidades funcionais do paciente. No entanto, muitas vezes esse sofrimento é desnecessário, sendo que em 90% dos casos a dor pode ser controlada. Com a diminuição da dor o paciente pode aumentar o seu nível de função e atividade, podendo participar de programas de exercícios e melhorar sua qualidade de vida. A fisioterapia dispõe de recursos não farmacológicos para o tratamento da dor, como o TENS (Estimulação Elétrica Neural Transcutânea). Este recurso promove analgesia, sendo uma técnica não invasiva e não traumática, podendo ser utilizada sem restrição de idade, com possibilidades de induzir analgesia prolongada, não apresentando efeitos colaterais com poucas contra indicações e sem custo elevado. A fisioterapia no tratamento da dor crônica tem como objetivo não a cura, mas sim, o controle da mesma, bem como a eliminação do uso excessivo e abusivo de medicamentos. O paciente em Cuidados Paliativos pode apresentar também a Síndrome do Desuso, pela inatividade, podendo desta forma agravar o quadro de dor e outras complicações. Nesta síndrome o paciente apresenta fraqueza muscular, descondicionamento cardiovascular, respiração superficial e alterações posturais. Desta forma é importante a realização de mobilizações passivas, ativo-assistidas, e exercícios que possam promover um melhor condicionamento ao paciente. Os pacientes acamados podem desenvolver complicações pulmonares que necessitam de Fisioterapia respiratória, como atelectasias, dispnéia (falta de ar), acúmulo de secreções entre outros. A sensação de falta de ar limita as atividades diárias do paciente, desta forma a Fisioterapia poderá contribuir com a realização de exercícios de controle respiratório, orientações sobre o gasto energético, relaxamento e alívio da tensão muscular gerada pelo esforço respiratório. A Fisioterapia possui um grande número de recursos que podem ser utilizados nos Cuidados Paliativos, no entanto, é importante que o profissional seja habilitado em Fisioterapia Oncológica e se adeque aos aspectos éticos e filosóficos que fazem parte do manejo dos pacientes terminais, bem como mantenha uma comunicação ativa com pacientes, familiares e equipe. A Fisioterapia contribui efetivamente na retomada das atividades de vida diária destes pacientes, traz conforto, dignidade, aumentando sobremaneira a qualidade de vida desta população. Fonte: SCHOELLER, Maria Tereza — Dor Oncológica, em: Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) — Primeiro Consenso Nacional de Dor Oncológica, 1ª ed., São Paulo, Editora Projetos Médicos (EPM), 2002; SLUKA, Kathleen et al. Low frequency TENS is less effective than high frequency TENS at reducing inflammation-induced hyperalgesia in morphine-tolerant rats. European Journal of Pain. 2000. MARCUCCI,Fernando. O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com câncer. Revista Brasileira de Cancerologia vol 51(1) 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativas 2010 incidências de câncer no Brasil - Rio de Janeiro: INCA, 2010. PENA, Rodrigo; BARBOSA,Leandro; ISHIKAWA Neli. Estimulação Elétrica Transcutânea do Nervo (TENS) na Dor Oncológica – Uma Revisão da Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia. Vol.54 n.2 2008

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